sábado, 6 de setembro de 2008

EU PODERIA AMAR

Eu poderia amar,
mas amar tão infinita, tão candentemente,
que o mundo se tornasse uma lira de cálida doçura.
Eu poderia odiar,
mas odiar tão intensa, ardentemente,
que eu me aguerrisse e que matasse com a gana de animal enfurecido.
Eu poderia sorrir,
mas sorrir tão franca, alegremente
como o mais feliz dos homens deste mundo.
Eu poderia chorar,
mas chorar com tamanho sofrimento,
como se a ferida do meu peito fosse o tempo todo revolvida.

Mas o momento é para sentimentos comedidos,
sempre hora de pensar no pão, na agenda e na política.
Sempre tempo de astúcia para firmar posição ou subir algum degrau.
Triste vida onde as paixões devem ser contidas,
as emoções, dosadas e os desejos, reprimidos
em prol de um mundo árido de comoções e sensações,
onde as almas dos homens têm de ser desertas,
nuas de vida e de cores, cinzentas como o concreto dos viadutos que desumanizam as cidades.

2008

2 comentários:

Anônimo disse...

Baraozitooooooooooo
Passei pra dar uma espiadinha .
Edeixar meu carinho e adimiraçao.
Beijossssss

Basilina disse...

Amigo Demóstenes, conforme prometi, aqui estou dando uma olhadinha no seu blog. Ele parece com você sério,porque vi suas fotos e,nelas,seu sorriso ilumina muito. Sempre que puder virei aqui ler alguma coisa. Confesso que gosto mais dos poemas, mas um conto aqui,uma crônica ali também vão muito bem. Gostei muito do último poema postado e concordo: realmente a gente poderia fazer tanta coisa...eu estou começando a não deixar de fazer aquilo de que gosto e dizer um não,ás vezes é tão bom!