sábado, 12 de janeiro de 2013

REZA DO CAMPONÊS

Oh(!), meu Jesus
Crucificado,
Venho pedir:
Dai-me, Senhor,
O pão, trabalho e algum cantinho pr'eu morar.
Dai-me, Senhor,
Muito sossego,
A terra, a chuva e uma mulher pra muito amar.
Dai-me, Senhor,
Uma varanda
E um bom roçado bem verdinho pr'eu olhar.
Dai-me, Senhor,
Uma família,
Filhos bonitos pr'eu na missa apresentar.
Dai-me, Senhor,
Muita saúde,
Mas, se preciso, um bom doutor pra me curar.
Não me negueis,
Porém, Senhor,
Uma viola e a alegria pr'eu poder tocar, dançar, cantar.

2013

Revisto e modificado em 26.01.2023

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

IRMANAÇÃO

Minha harmonia co'a Natureza
É uma irmandade que reconheço
Em face às plantas, em face aos bichos
E cada árvore e cada regato que, cristalino,
Por entre ramos, por entre pedras, vejo fluir.

Olhar embevecido o verde das colinas
E das serras exibindo uma beleza  exuberante.
Notar entristecido os micos e gambás
Buscando o que comer em urbanas regiões.
Urbanizadas matas, invadidas pelas bestas
Humanas asquerosas que as usurpam por ganância.
Ah! Bichinhos despejados de seus lares e de abrigos,
Territórios estuprados por covardes racionais.

Eu me fascino ante as matas e folhagens majestosas
E assim cultuo as águas, cada arbusto e cada pássaro,
Numa emoção tão transcendente e tão singela de menino,
Na consciência plena que dos seres, todos seres sou irmão.


Armas e venenos no encalço de inocentes,
O fogo ao seu redor, lancinantes sofrimentos,
Morte, morte, profusão de mortes dos infernos
E a satânica alegria dos vis negociantes.


Quem disse que o Diabo não existe?
Ele existe em quantidades incontáveis
De malditos que entre feitos demoníacos
Vão matando os animais e agredindo a Natureza.
Como eu gostaria de os poder chamar de homens
Na bendita acepção dos que têm bom coração.

2013

DOS MEUS MORTOS

A ausência dos meus mortos é tão triste, inconsolável.
Falo dos mortos humanos e dos mortos animais,
Falo que não creio em vida que não seja esta da Terra
E por isto minha dor é muito mais profunda.
Meu consolo é que um dia morrerei como eles todos
E, inexistente, nunca mais terei saudades
E esta dor tão torturante que maltrata as  criaturas.

II

Se houvesse outra vida, eu abraçaria e beijaria os meus humanos mortos
E os meus mortos de quatro patas e focinho
E, sem exceção, todo finado animal que eu encontrasse:
E assim formaria com eles, os humanos e os bichinhos,
A família maior  do Universo sem tamanho.

2013