sábado, 31 de agosto de 2013

LUCIANA

Deitaram-se na cama e Luciana  ofereceu-lhe os lábios ávidos.  Vestido curto, leve, solto, quase transparente,  preto com estampa de pontos brancos.  Guilherme ergueu o corpo da mulher e a sentou no colo, como fora ela um achado raro e precioso, um diamante, uma esmeralda, o bem maior do mundo inteiro.
Sabia que a moça era de se dar com facilidade, que tinha vários amantes e que jamais lhe entregaria a alma tão liberta e aventureira.  Sabia também que a não queria para si, pra todo o sempre ou alguns anos. Mas naquele momento a amava como o mais extremoso enamorado, como o mais possessivo dos machos existentes.  Porque a desejava... como a desejava! Ah, como a desejava!  Queria tanto desfrutar aquele corpo esguio e pálido, as pernas magras e roliças que há  tanto cobiçava, sentia tanto prazer em tê-la na cama, que o ardor parecia amor, entrega, sentimento fundo, suplicante e desvanecido.
No dia seguinte talvez Luciana fosse de outro, mas isso não importava ao homem, que era tão ávido e sôfrego,  que achava que o tempo não passaria, que aquele momento se eternizaria; que não tinha ciúmes, mas só desejo: um desejo de longo tempo, um desejo que não tinha medidas, um fogo que lhe abrasava o corpo inteirinho.
Levantou-lhe o vestido, deitou-a na cama, arrebatou-lhe a calcinha de renda e por pouco não lhe rasgou o escuro vestido.  Beijou-lhe a boca longamente inúmeras vezes,  sugou-lhe os seios, a língua, os lábios, a vulva e as nádegas, cheirou a mulher por inteiro: cada  milímetro do corpo e cada cavidade, e toda cavidade do corpo de fêmea, candente, adentrou.
Amanhã quem sabe outro a ela faria tudo o que ele agora fazia, mas pouco a Guilherme importava: hoje a mulher era dele; dele somente, e era na essência a mais pura magia: ninfa, deusa, valquíria, sereia, feminino demônio ou outra entidade, mas algo que em definitivo ao homem enlouquecia.
O  casal gemia, arfava, gozava, fremia, e tê-la consigo num ballet tão frenético,  entre frases tão quentes, obscenas palavras, lascivas carícias, era para Guilherme a conquista maior, a chegada ao paraíso, e este sequer se lembrava de algo que houvesse além do desejo, delírio, deleite, prazer inefável, esquecido do mundo, da vida, do ontem, do dia vindouro, que havia amanhã.


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

POEMA DE AMOR E MALDIÇÃO

Amar a Terra qual recém-nascido em seu apego à mãe que dá-lhe o peito, num afã e unicidade só encontrada nos amores mais extremos.   Dar aos animais, reconhecidos como irmãos por São Francisco, o amor por eles merecido.  Olhar as matas co'a ternura das mães enternecidas.  Entender que, como nossos filhos pequeninos, os filhotes têm o mais do que sagrado direito aos cuidados das mães tão extremosas. Respeitar as águas como a divindades poderosas, em genuínas atitudes de respeito e reverência... Deixar vivas as serpentes, que só lutam pela vida, nada mais.
Dar ternura e dar cuidados aos cachorros sem abrigo, aos bichanos graciosos, não causar a dor aos pombos.
Ah(!), espíritos das matas e das águas,  protetores dos bichinhos...!   Dai aos que molestam criaturas inocentes os infernos lancinantes.   Lançai sobre os demônios sofrimentos infinitos e a ausência do perdão. Jogai sobre esses torpes vossa fúria mais ardente e vos despi de compaixão... para que todos compreendam o tamanho do pecado de ofender o irmão ingênuo e puro, que nem  sabe suplicar. 

2013 

terça-feira, 13 de agosto de 2013

MÚSICAS DE MARCELO BIZAR EM ALGUNS DE MEUS POEMAS


https://soundcloud.com/bar-o-da-mata/meu-santo-ant-nio

https://soundcloud.com/bar-o-da-mata/lirismo

https://soundcloud.com/bar-o-da-mata/mineirinha

https://soundcloud.com/bar-o-da-mata/vem-viver


Aqui você ouve '"MEU SANTO ANTÔNIO" ''LIRISMO", "MINEIRINHA" e "VEM VIVER", músicas nascidas de minha parceria com MARCELO BIZAR, compositor, cantor, instrumentista, escritor, meu colega de trabalho e amigo pessoal, que compõe com maestria e canta exibindo grande talento e primorosa interpretação. Peço que cliquem nos links (sem risco, não há vírus) e ouçam as canções, que ficaram magníficas.

Barão da Mata


Sobre MARCELO BIZAR


http://www.youtube.com/watch?v=0TF837hMbR0


http://www.youtube.com/results?search_query=Marcelo+Bizar&oq=Marcelo+Bizar&gs_l=youtube.12...0.0.0.36450.0.0.0.0.0.0.0.0..0.0...0.0...1ac..11.youtube.

domingo, 4 de agosto de 2013

O HOMEM E A CADELINHA DOENTE

O homem vinha dirigindo seu carro na rua Humaitá.  Uma cadela pequenina e doente, trôpega, estava  na pista, distraída.  Um tanto incauto, buzinou, para que o animal saísse da pista, e o resultado foi satisafatório: a cachorrinha, sarnenta e maltrapilha, subiu a calçada, e o motorista seguiu seu rumo.  Já bem adiante, algo bateu-lhe na mente, e ele refletiu por momentos, mudou o itinerário, tomu o caminho de retorno. Conseguiu reencontrar a cadelinha. Parou o carro, desceu, chamou-a, esta veio, e o homem a tomou no colo, doente, sarnenta, sofrida, depauperada.   Levou-a a um veterinário: a bichinha teve a sarna confirmada e tinha avançada e grave pneumonia,  e o seu novo amigo a levou consigo, decidido a lhe salvar a vida e proporcionar-lhe uma existência digna e sem os cruéis percalços das ruas.
E o mundo devia, desde o momento do resgate, ter parado para observar-lhe cada gesto e com ele obter senso de bondade e quem sabe aprender e copiá-lo.  O mundo devia ter parado para vê-lo naqueles momentos recolher o anjo, despojar-se de todo pecado e em anjo também  converter-se.   
A história é real.. Que a cachorrinha se salve, e os dois novos amigos sejam felizespara sempre.